Era uma vez

Uma vez cortei o cabelo sozinha. Escondida. Ainda faço.
Uma vez andei de bicicleta. Soltei as mãos. Cai.
Uma vez derrubei meu irmãozinho da escada. Chorei mais do que ele.
Uma vez apareceu uma cobra quando tomávamos banho no rio.
Uma vez me afoguei. Fui salva por um puxão de cabelo.
Uma vez eu dormi tanto que meus olhos ficaram pregados.
Uma vez contei estrelas do céu e não nasceram verrugas.
Uma vez levei uma pedrada na boca. Sangrou. Chorei.
Uma vez corri tanto no meu aniversário para que não me jogassem ovos. Jogaram no dia seguinte.
Uma vez colei numa prova. E tirei uma nota melhor do que de quem eu colei.
Uma vez dormi no sofá. Acordei na cama.
Uma vez achei que voava. Meu pai me segurava.
Uma vez. Noutra vez. Tantas vezes.

São Paulo

Da cidade de céus cinzentos a gente ainda tira muita coisa.

Tira uma boa risada. Uma boa companhia. Uma boa comida. Uma caminhada. Compras.

Karaokê. Mimica. Piscina. Lanches. Familia.

E muitas. Muitas fotos!

Pra você..

"Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir
Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir


(...)


Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo os meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que o arco-íris
Risca ao levitar
Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar






Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar
Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar"